Apenas minhas letras insanas...

terça-feira, 15 de março de 2011

Dentro da noite fria










Tão larga e fria
a cama
E este cetim indiferente
Brilha sob a luz da arandela
Que teima em iluminar
A tua ausência


Ah, se tu soubesses
Das noites infinitas
Das taças solitárias
Esquecidas



Ah, se tu soubesses
Que a soberba do meu dia
Se dilui na saudade
Que me assola
Quando a minha noite chega
Sem ti, inóspita
Vazia


Ah, se tu soubesses
Que a sutil indiferença
Se transmuta em agonia
Quando giro a minha chave
E as paredes, testemunhas
Desprovidas de calor
Clamam por alguma
Vida


Ah, se tu soubesses
Que tudo, tudo mesmo
Se perderia
Se tu cruzasses esta porta
Por Deus, bastaria!


Ah, se tu soubesses
Da urgência do teu cheiro
Da ardência do meu peito
Ignoravas meu orgulho
Voltarias!



***

quinta-feira, 10 de março de 2011

Trilha Sonora









Já vivi uma cena assim, de novela
Já corri para os seus braços, vestida de branco
À beira da praia
Tão jovem, tão jovem…
Você me ergueu tão alto
E eu me apoei em seus ombros
Um daqueles momentos em que a vida faz sentido
Como naquele filme romântico, como aqueles quatro dias
E é desses momentos que minha vida se alimenta
O meu conto de fadas que não tem final algum
O meu oásis de águas frescas e perfumadas
Em meio ao trânsito tresloucado e escaldante
Está bem aqui, em minha mente, minha memória
E eu nem preciso fechar os olhos para ver os seus,
Tão límpidos
Enquanto ouço Little Wing
E sou feliz
…feliz




***

sexta-feira, 4 de março de 2011

Jardim Maculado



Lá no meu jardim
Entre uma flor e outra
Erva daninha fez morada
Como rosa disfarçada
Sonsa,dissimulada
Espalhando seu veneno
Peçonhenta, desalmada
Foi ceifando tudo
Vertiginosa, determinada
Obscura, endiabrada
Definhou-se a rosa
Definhou-se o cravo
Ressequiu-se o verde
Palha seca, desencantada
E o perfume inebriante
Perdeu-se todo, sobrou nada
Em seu lugar avolumou-se
O aroma fétido do enxofre
Lá no meu jardim
Entre uma flor e outra
Erva daninha fez morada
Reina, agora, soberana
Proliferando suas garras
Seiva maldita, ceifando tudo
Do meu jardim, restou nada




***