Aquele brilho intenso, dourado. Fruto do Sol batendo no alto
do prédio espelhado. Já fotografei tantas vezes.
Já fotografei tantas fases e faces da Lua.
Aviões e nuvens, céu de brigadeiro. Tantas e tantas vezes e
de todos os ângulos que eu pude perceber.
Uma mão segurando o queixo, a outra segurando a câmera.
Inerte.
E a tarde se vai sem deixar marcas.
Mas, felizmente, existem os periquitos.
Esses seres endiabrados que surgem verdejando tudo. Não
sossegam nem por um segundo. Uma algazarra sobre a mangueira frondosa.
A tarde finda, a luz se vai aos poucos.
E eu, finalmente, me divirto clicando furiosamente aquelas
criaturinhas barulhentas.
O saldo são dezenas de imagens abstratas, difusas,
desfocadas, esverdeadas. Lindo de se ver.
Graças a Deus existem os periquitos.
Graças a Deus...