Apenas minhas letras insanas...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Viagem Bucólica







E então jogou-se à beira do rio, nu e extasiado.
E as águas frescas banharam-lhe as pernas
E as dores do corpo e da alma diluíram-se ali.
E sentiu a pele arder suavemente sob os raios de sol
Que teimavam docemente pelas frestas das copas frondosas.
E brisas com cheiro de verde refrescaram-lhe o espírito
E gozou de um sono profundo com um sorriso nos lábios.





Música: Solo de violino do animê "Ef - A Tale of Melodies".



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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Apesar de tudo






Há em algum sítio obscuro da minha mente, uma seara colorida onde mora um sentimento de esperança. Bravo e persistente. Só assim se justifica esta minha insistência em acreditar.





Imagem : "Jardineira".
Música : "Trilhares" - Palavra Cantada.


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domingo, 6 de novembro de 2011

Labirintos Oníricos


Anotações de cabeceira
Tenho este sonho recorrente em que me perco por ruas conhecidas. Ruas que habitam minha memória, em que brinquei, corri, vivi. E me pergunto e não entendo porque não me encontro em caminhos que me são tão íntimos
As ruas parecem não ter fim. Noutras vezes traçam angustiantes labirintos ou, simplesmente, encerram-se em si mesmas e fico eu a caminhar em círculos, arrastando as pernas que me pesam assustadoramente.
Nunca chego, nunca. E as pessoas são desconhecidas e hostis. Ou, então, as ruas são desertas. Às vezes embarco num ônibus que parte em direção contrária àquela que pressinto ser a correta. Tento saltar, mas o ônibus não pára, fico presa dentro dele. Presa.
E é sempre noite, é sempre frio.
Mas o diabo que não consigo entender é que conheço as malditas ruas. Eu deveria saber o caminho.
Mas não sei.




Imagem: "Caminhos Tortuosos" - Kássia Reis.



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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Cabeça Flutuante de Mercedes








A cabeça flutuante de Mercedes
Pairava sobre as praças
Girava, desvairada
As nuvens, bulinava!
A cabeça flutuante de Mercedes
Bailava, assim, descabelada
E os olhos flamejantes
Fulminavam quem passava.
A cabeça flutuante de Mercedes
Quicava feito bola
E gargalhava
A boca escancarada!
A cabeça flutuante de Mercedes
Belicosa, esfomeada
Devorava quem passava.
A cabeça flutuante de Mercedes
Vomitava cânticos
Regurgitava cândidos
E tripudiava!
A cabeça flutuante de Mercedes
Sugava os ébrios e os incautos
E se deleitava!
A cabeça flutuante de Mercedes
O dia, incendiava
A noite, iluminava
Abóbora gigante decapitada.
A cabeça flutuante de Mercedes
Pairava sobre as praças
E ria-se das pragas
A boca escancarada!










Música: "Entre dos Aguas" - Paco De Lucia.
Imagem: "La Cabeza Flotante de Mercedes" - Photo Amadora.




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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Brilho Efêmero


  Silêncio. Concentração. Ela fecha os olhos, respira fundo e, então, abre seu melhor e mais belo sorriso. A música começa e o lilás salpicado de pequenos brilhos desliza e funde-se à brancura leitosa do gelo.
  Leveza e graça em movimentos que beiram o sublime.
  Corpo e música em perfeita harmonia, como se de dentro de sua alma saíssem as notas melodiosas.
  Desliza, irretocável. Abre os braços em frágil equilíbrio, veloz, parece voar. Dá o primeiro salto duplo, perfeito. Parece tão fácil!
  O público, hipnotizado, demora alguns segundos a reagir com merecidos aplausos. Em completo êxtase ela continua sua rotina de encantamento e, impondo mais velocidade, executa dois saltos triplos aterrissando em perfeito equilíbrio. A audiência delira, emocionada.
  Ela baila, então. Menina-mulher. Inocência e sedução.
  Percorre todo o ranking num footwork gracioso, desenhando suas figuras em "S".   A música torna-se ainda mais intensa e surgem as fantásticas piruetas, o lilás rodopia, rodopia....
  Nos últimos acordes, o último salto, o mais audaz.
  A queda.
  Um "Oh" em uníssono a ensurdece. Por alguns segundos não ouve nada, não vê nada. Nada sente.
  Mas a anestesia pouco dura. Ergue-se. Supera a dor. Retoma a rotina. Desliza e improvisa pois a música está acabando.
  Executa a última pirueta, feito um tornado. E estanca exatamente no último acorde. Perfeito.
  O público a aplaude de pé.
  Ofegante, ela sorri. Mas dos olhos, que nada escondem, rolam as lágrimas.



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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Num piscar de olhos






E quando eu olhei pela janela
Havia passado tanto tempo

E esta apatia me situa aqui e agora
E faz a saudade doer um pouco mais


Saudade da alegria da incerteza
De tão pouca sutileza


Saudade do futuro


…que se foi


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domingo, 19 de junho de 2011

Photografia







Luz e sombra
Perspecitva
Expectativa
Cores espectrais
Radiais
Radiantes
Brilho contrastante
Conceito
Desconstruído
Desconcertante
Inusitado
Instante
Surpreendente
Flagrante
Ocaso
Acaso
Vermelhos fulgurantes
Verdes refrescantes
Azuis infinitos
Amarelos delirantes
Mil matizes
Secundárias
Terciárias
Libertárias!

E o preto soberano
Sobre o branco puritano
Faz, sagrado, um momento
…mundano



Música: "Auguries of Innocence - Parte I" - State of Grace
Imagem:"Cores Espectrais" - Kássia Reis.


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sábado, 11 de junho de 2011

maria





Maria vai com as outras
Maria-sem-vergonha
Maria lavadeira


Maria imaculada
Maria auxiliadora
Maria madalena


Maria é amélia
Maria é rosa-choque
Maria é guerrilheira


Maria desvairada
Maria entediada
Maria enternecida


Maria é Bonita
Maria é Antonieta
Maria é Aparecida


Maria é mãe
Maria é filha
Maria é só
Maria só…




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terça-feira, 7 de junho de 2011

Tão perto, tão longe...(meu doce espectro III)







Não sei se tem asas
Não sei em que tempo vive
Nem em qual dimensão
Mas está sempre tão perto
E tão longe…
Sinto sua presença
Sinto sua essência
Forte, quase absoluta.


Espectral
Sideral
…visceral


Tão perto, sempre
…e tão longe


Mas se acaso
Você se materializasse
Aqui e agora
Talvez, eu não o amasse
Tanto assim…


Meu doce espectro.




Nota: Inspirado no soneto "O Sol ficou louco" do poeta Erico do blog
Conjecturas Poéticas em versos e prosas também.


***

terça-feira, 31 de maio de 2011

Amor em vermelho















Não é só o vermelho desta aurora
Que me extasia
É também o teu olhar
Tão cheio de cumplicidade


E, de tempos em tempos,
Esta fagulha reacende
Tão vermelha e viva
Como esta aurora


…esta aurora que extasia



E se meu coração
Bate, então, descompassado
O teu, louco de saudade,
Dispara em minha direção


E por mais que a vida crua
Que a realidade nua
Façam pálidos, os caminhos
Sempre surge esta aurora


…esta aurora que extasia



E mesmo que, por vezes,
Pesadelos sobrepujem sonhos
E a noite pareça interminável
Minha dor, tua presença cura


Também sei que curo eu, a tua
Enquanto este vermelho singra,
Singra vida afora
Renascendo a cada aurora



…esta aurora que extasia





"Everbody Hurts"
R.E.M.


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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mundana





Amores a mil
Flamenco febril
Bailado burlesco
Em todas as camas
Em todos os becos

Delícias
Delírios
Doces
Delitos

À meia luz
Entre cetins
À luz do dia
Ao som de clarins

Adorável mundana
Mulher
Profana
Plena
Dona de si











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sábado, 14 de maio de 2011

Dream...







Entre flores de sereias perfiladas
Em círculos brilhantes
Dourados, esfuziantes
Num musical iluminado!
Em escadarias cor de prata
Bailarinas em cascatas
Uma diva, um cavalheiro
Rodopiam devaneios!
Um vestido esvoaçante
Um fraque bem talhado
Plumas brancas delirantes
Purpurina cor de sangue
Um olhar enigmático
Um toque leve, acetinado
Lábios quentes que se tocam
Trocam um beijo
...apaixonado



Então, abro os meus olhos
E me descubro nos teus braços.






Moonlight In Vermont - Frank Sinatra & Linda Ronstadt HD

domingo, 1 de maio de 2011

Pulsación!!










Você desperta meus piores instintos
Meus mais baixos anseios
Você me faz calculista,
Ardilosa
Egoísta
Você desperta minha Medusa
Minha deusa lasciva
Inescrupulosa
Possessiva
Você me faz vil
Endiabrada
Mesquinha
Você desperta meus piores instintos
Meus mais baixos desejos
Você me faz geniosa
Sequiosa
Das suas entranhas
Sua alma
Sua vida
Acho mesmo que eu amo você
…e a culpa é toda sua







Música: Pulsación número 4
Astor Piazzolla

Imagem do Google.







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sábado, 23 de abril de 2011

Andava por aí...






Andava por aí
Regendo passarinhos
Despertando margaridas
Colorindo borboletas


Andava por aí
Construindo ninhos
Acolhendo raparigas
Resgatando estrelas


Andava por aí
Juntando caminhos
Alumiando vidas
Destruindo cercas


Andava por aí
regando
ouvindo
libertando


Mas andava nu
não era um pregador



***

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Olhar Anônimo







Um fragmento
Do tempo
Eternizado
Pelo olhar
Daquele que soube ver
E sentir
A poesia
Manifesta e pura


Pseudocoadjuvante
O longínquo horizonte
Discreto
Em calmaria
Antagoniza
Com as ondas
Esfuziantes, apressadas
Rebentando contra as rochas
(hidro) pirotecnia!

Um instante
Um fragmento
Ido, vivido
…n’algum tempo
Impreciso
Captado
Revelado em alquimia





Foto: Autor Desconhecido
Local: Biarritz - 1891
Do site Flickr - Domínio Público.



Música: Cânone em ré maior - Johann Pachelbel.



***

sábado, 2 de abril de 2011

Espelho D'Água







Diáfana
Difusa
Dispersa



Imagem
Inversa


Diluída
Dissolvida


Etérea
Eterna
…em sua brevidade




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terça-feira, 15 de março de 2011

Dentro da noite fria










Tão larga e fria
a cama
E este cetim indiferente
Brilha sob a luz da arandela
Que teima em iluminar
A tua ausência


Ah, se tu soubesses
Das noites infinitas
Das taças solitárias
Esquecidas



Ah, se tu soubesses
Que a soberba do meu dia
Se dilui na saudade
Que me assola
Quando a minha noite chega
Sem ti, inóspita
Vazia


Ah, se tu soubesses
Que a sutil indiferença
Se transmuta em agonia
Quando giro a minha chave
E as paredes, testemunhas
Desprovidas de calor
Clamam por alguma
Vida


Ah, se tu soubesses
Que tudo, tudo mesmo
Se perderia
Se tu cruzasses esta porta
Por Deus, bastaria!


Ah, se tu soubesses
Da urgência do teu cheiro
Da ardência do meu peito
Ignoravas meu orgulho
Voltarias!



***

quinta-feira, 10 de março de 2011

Trilha Sonora









Já vivi uma cena assim, de novela
Já corri para os seus braços, vestida de branco
À beira da praia
Tão jovem, tão jovem…
Você me ergueu tão alto
E eu me apoei em seus ombros
Um daqueles momentos em que a vida faz sentido
Como naquele filme romântico, como aqueles quatro dias
E é desses momentos que minha vida se alimenta
O meu conto de fadas que não tem final algum
O meu oásis de águas frescas e perfumadas
Em meio ao trânsito tresloucado e escaldante
Está bem aqui, em minha mente, minha memória
E eu nem preciso fechar os olhos para ver os seus,
Tão límpidos
Enquanto ouço Little Wing
E sou feliz
…feliz




***

sexta-feira, 4 de março de 2011

Jardim Maculado



Lá no meu jardim
Entre uma flor e outra
Erva daninha fez morada
Como rosa disfarçada
Sonsa,dissimulada
Espalhando seu veneno
Peçonhenta, desalmada
Foi ceifando tudo
Vertiginosa, determinada
Obscura, endiabrada
Definhou-se a rosa
Definhou-se o cravo
Ressequiu-se o verde
Palha seca, desencantada
E o perfume inebriante
Perdeu-se todo, sobrou nada
Em seu lugar avolumou-se
O aroma fétido do enxofre
Lá no meu jardim
Entre uma flor e outra
Erva daninha fez morada
Reina, agora, soberana
Proliferando suas garras
Seiva maldita, ceifando tudo
Do meu jardim, restou nada




***





domingo, 27 de fevereiro de 2011

Feixe de luz







Teu hálito quente
Na minha nuca
Denuncia tua presença
Etérea
Na noite escura

…meu doce espectro



So close to me…



***

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ascendência






Queria tanto pisar na terra em que pisaste
Colher os frutos que colheste
Banhar-me nas mesmas águas
Queria tanto ter com os teus
Que são também tão meus
Pois que me correm pelas veias
Queria tanto cruzar este oceano
Fazer de volta o teu trajeto
E encontrar a tua história
Para, assim, quem sabe
Entender melhor, a minha





***

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Poeta


O Poeta está no ostracismo. Está lá, metido em seus delírios.
Em monólogos ensandecidos, metido em seus devaneios.
O Poeta está no ostracismo, em diálogos com a Lua,
procriando versos lunáticos.
O Poeta está no ostracismo,
 pois o Poeta não se perfila.
Ora, veja!
O Poeta está no ostracismo, gritando para o nada.
Suas letras insanas voam e ressoam
pela abóbada da catedral cravejada de vitrais coloridos.
E, bumerangues, retornam.
Ricocheteiam na sua cara!
O Poeta está no ostracismo,
pois o Poeta não se limita
às mesmices.
Escreve para a borboleta!
Escreve para a mariposa…


… O Poeta tem alma de poeta!


O Poeta grita.
Quem escuta?
O Poeta é maldito!
O Poeta não se enquadra entre arestas.
O Poeta não segue caminhos fáceis.
O Poeta não se integra , não faz conluios.
O Poeta não joga!
O Poeta brinca…
O Poeta está no ostracismo,
 mas o Poeta não se importa.

O Poeta é o único que está vivo.




***

domingo, 13 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Caminhada






Lembra da ruazinha de pedras, aquela vila de casinhas geminadas? Cada uma delas tinha um jardim na frente. Você gostava daquela que tinha uma roseira amarela. Você sempre gostou mais das rosas amarelas.
Agora, a vila é um estacionamento. Demoliram as casinhas, olha.
E eu nunca tive coragem de roubar uma rosa amarela pra te dar.
Lembra quando a gente ia a pé até a padaria só pra brincar com o Fiel? O vira-latas que vivia naquela casa bonita, colorida por mosaicos de azulejos portugueses que você amava! Lembra do Fiel? Ele corria no portão e fazia festa com qualquer um que lhe desse um pouco de atenção. E de carinho.
E desconfio que ele gostava mais de você…
Lembra daquela pequena loja japonesa? A, do fotógrafo? Ele colocava um mundo de fotografias dos clientes na fachada. E a gente ficava lá, um bom tempo, procurando um rosto conhecido. Nunca achamos um retrato nosso.
Olha, agora é uma lan house.
Ah, a praça…Era aqui que as quermesses aconteciam. Que saudade daquelas noites frias. Você me pedia para aquecer as suas mãos…Lembra?
Lembra do correio-elegante? E da música que eu te ofereci naquela noite de São João, quando você estava começando a namorar aquele garoto sem graça da sua rua? Lembra? Eu mandei Paul McCartney… “My Love”. Ah, você se derreteu.
Lembra?
As quermesses acabaram. A praça também. Olha, lá. Agora é um terminal de ônibus. Cheio de gente cansada, sofrida. Vê?
Tudo mudou por aqui.
E eu que estive tão longe, por tanto tempo.
Como eu lamento, meu amor, não ter vivido ao seu lado enquanto isso tudo acontecia.
Como eu queria acreditar que você está aí, me esperando. Confiante na minha redenção.
Como eu queria acreditar que você me escuta neste exato momento.
Mas não creio, não creio…



***

Foto do site:Olhares Fotografia Online
Autora:Adriana.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Vento Mistral



O vento mistral
Trouxe-me, hoje, você
Quando inebriou de lavanda
Meu amanhecer

Este aroma que é seu
Reavivou a memória
Aqueceu minha alma
Neste frio tão intenso

E as flores miúdas
Salpicaram as lembranças
De um lilás delicado
De tão belas matizes

Um sagrado momento
Um quadro encantado
Dotado de vida
Cores e cheiros

Meus sentidos atentos
Cúmplices do vento
Pintaram a tela
Traduziram você



***

domingo, 23 de janeiro de 2011

Sister Moon-Sting





Sister Moon

A Lua está vermelha, febril
Como eu.
Minha cúmplice
A Lua está ouvindo os mesmos acordes que eu
Está sentindo os mesmos arrepios…
Ela também fecha os olhos e respira mais rápido
Ela também aspira este cheiro teu, e freme
Como eu.
A Lua está vermelha
Febril
Como eu.
Ela também se despe dos pudores
Ela também não se importa
Assim, como eu.
Ela também revira os olhos e suspira
…”em falsete”
A Lua é minha cúmplice
Está febril
Como eu.
Mas ela não sabe o teu nome
Este segredo é teu e meu.













***













sábado, 22 de janeiro de 2011

Pela luz dos versos meus...




Será que a luz que te ilumina
vem da luz dos olhos meus?
Será que são meus olhos
a razão dos versos teus?
Ou será que são meus versos
tradução dos olhos teus?
Será que é o teu lume
o farol dos versos meus?
Pois eu acho, meu amor, que só se pode achar
Que a luz dos versos meus
vem da luz do teu olhar



***






terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Inércia





Um pingo d’água insistente
Gotejando, gotejando, sem fim
Não sei de onde ele vinha
Só olhava a minúscula poça
Que, do pingo, advinha
Num tempo que não sei mensurar
Dormente, ali, a olhar
A poça que, do pingo, advinha
O pingo a pingar, tangia
Invadia minha mente, ecoava
Percorria os dois labirintos
Num tempo que não sei mensurar
Fiquei, ali, a ouvir e a olhar
Um pingo d’água insistente
Gotejando sem princípio, sem fim
Quando, enfim, dei por mim virei limo
Num tempo que não sei mensurar
Afogada, na minúscula poça
Poça que advinha do pingo
Despertei, morta-viva, era tarde
Amorfa, imersa no limbo




***

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Na pele do poeta





Quando eu a vi, ela trançava os cabelos e cheirava a pitanga. As pernas molhadas, vestido colado, os pelos brilhando, dourados, à luz do dia.
Assim, sentada meio largada, na beira do cais, flertando com o mar, sorrindo pra mim. Assim, meio santa, meio devassa, deusa, criança …Ai, me perco de mim!
Quando eu a vi, ela inundava de mel o verde do mar com a viveza do olhar. E matava de inveja as espumas das ondas que açoitavam as rochas numa fúria sem par.
Quando eu a vi, ela dançava, cigana. Cantava, cigarra. Criatura profana em estado de graça!
Quando eu a vi, fiquei cego às leis deste mundo e levitei - giramundo! - sobre homens e deuses.
Quando eu a vi, um pouco morri, desvairado sofri feito cão moribundo
Quando eu a vi, ela trançava os cabelos e cheirava a pitanga…
E eu me perdi de mim.









***

sábado, 8 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Pausa



Apenas um momento para sentar na varanda.
Apenas um momento para fitar o horizonte.
Um mar de casas e casinhas e de espigões que se intrometem entre elas e as praças.
Apenas um momento em que o esquecimento se faz presente e a letargia é bem vinda.
Um momento, apenas, entre nós duas. A vida e eu.
Um sagrado momento para fazer nada.
E respirar fundo.





***